Agenda - Urban Sketchers Portugal - Janeiro 2021

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AGENDA Janeiro 2021

Desenho vencedor do Tema do MĂŞs: Alexandra Baptista

urbansketchers-portugal.blogspot.pt

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AGENDA Janeiro 2021

Desenho vencedor do Tema do Mês: Alexandra Baptista

ENTREVISTA

Ana Luisa Frazão por Leonor Lourenço

OS NOSSOS DESENHOS Equipa de produção: Abnose, André Baptista, Carlos Matos, Henrique Vogado, Isa Silva, Leonor Lourenço, Manuel Tavares, Rosário Félix, Vicente Sardinha Colaboraram nesta Agenda: Ana Luisa Frazão, André Duarte Baptista, Carlos Fidalgo, Cristina Nascimento, Fernanda Fernandes, Graça Patrão, Henrique Vogado, João Tiago Fernandes, Leonor Fidalgo, Leonor Lourenço, Lurdes Morais, Manuela Rolão, Mariana Santos, Miguel Pimentel, Paulo Mendes, Pedro Alves, Rosário Félix, Sara Gamito, Sofia Palma, Suzana Nobre, Teresa Ruivo Design e paginação: Isa Silva Copyright: Urban Sketchers Portugal www.urbansketchersportugal.blogspot.pt Sugestões e contacto: uskp.actividades@gmail.com

Tema: Natal

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LIVRO

EN2 por Teresa Ruivo

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VIAGEM GRÁFICA Finlândia e Turquia por Manuela Rolão

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REFLEXÃO

2020 – um ano ladrão por André Duarte Baptista

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EXPOSIÇÃO

9 Jardins de Lisboa por Henrique Vogado

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ABCDIÁRIO Letra D

por João Tiago Fernandes

DICAS 1, 2, 3

por Paulo Mendes

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GRUPOS

USk Torres Novas por Carlos Fidalgo

AGENDA

Encontros, Formações, Exposições 2

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E D I T O R I A L Olá a todos. Sempre que um novo ano se inicia, cedemos à tendência de fazer planos mas nos dias que correm até temos receio de os pensar. Mas… vamos e estamos a fazer planos. Dentro do possível, e sempre tendo em atenção às medidas de segurança, vai ser um ano com actividades e novidades. Vai ser, certamente, diferente de 2020. Será, também, um ano de uma maior unidade entre regiões e grupos. Pelo menos, é essa a nossa vontade porque afinal somos todos Portugal. Estamos a puxar pela criatividade porque queremos a participação de todos em actividades feitas fora do espírito de encontro. Estamos cada vez mais limitados e por isso temos de nos adaptar e arranjar formas de fomentar e de não deixar desaparecer o ânimo e vontade de desenhar. Temos 12 meses cheios de oportunidades. Vamos respirar fundo e ir em frente! Apelamos, uma vez mais, à participação activa no blog seja através de desenhos e/ou comentários. Inspirem-se, relaxem e desenhem muito! Direcção dos USkP

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ENTREVISTA Ana Luisa Frazão

Por

Leonor Lourenço

Como e quando começaste a integrar-te no grupo dos urban Sketchers e o que que mais valorizas neste movimento? Seguia o Blog do Eduardo desde 2006 e no verão de 2009 ele anunciou um curso em Jaca nos Pirenéus, pensei que era uma boa desculpa para ir passear e fui. Digamos que atravessei

Portugal e Espanha de lés-a-lés para conhecer o Eduardo. Em Jaca em “ devueltaconelcuaderno” o Gabi Campanário apresentou o que viria a ser este movimento. Tenho um apontamento da sua conferência que hoje tem uma certa graça (imagem 1). A partir daí tenho andado, de mochila às costas, às voltas com os desenhos.

Imagem 1

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cor, gosto por exemplo de desenhar o mesmo tema de dia e de noite… fica tudo completamente diferente! Experimentem. Em relação à colagem, uso-a não como complemento mas como parte essencial da composição, substituo planos de cor e até grupos de pessoas por papéis rasgados à mão, gosto dos ritmos que criam no desenho e do ruido que acrescentam. Para mim a colagem é já algo essencial e que me diverte bastante.

O que mais valorizo no grupo é a partilha e os laços de amizade que se criam. A diversidade de materiais, de técnicas, é uma das dimensões mais interessantes dos Usk onde tem de haver fidelidade ao que vemos, mas não impedindo a criatividade e um registo pessoal. Usas muito a técnica de colagem como complemento. Como se processa o teu trabalho? Sou bastante sensível à cor, mais do que as linhas num desenho o que me interessa são as manchas de cor, a luz e a sombra. Abordo essencialmente os temas através da

Que motivos mais aprecias desenhar? Ah ah ah, esta pergunta para mim deveria ser feita ao contrário, pois o que gosto menos de desenhar são pessoas. Qualquer motivo motiva para desenhar. Aproveito para deixar uma sugestão. Mais do que o tema, desenhem nos momentos mais complicados. Para 5


ENTREVISTA Ana Luisa Frazão

mim foi importante desenhar para passar o tempo num quarto de hospital ou numa sessão de quimioterapia” O desenho ajuda a ultrapassar as maleitas da vida. Aproveito para sugerir que conheçam Jorge Arranz: www.jorgearranz.com e que vejam o vídeo.

papéis/colagens; cola; canetas tinta permanente; afia-lápis; guache branco; poscas; casaco tapa vento/chuva; banco; luvas e cachecol ou chapéu sol (conforme a estação); lâmpada; uma bolsa pequenina a que chamo o Kit de sobrevivência (navalha, spray anti-mosquito, fenistil /picadas, baton cieiro, escova e pasta dentes, ben-u-ron, tesoura, pano limpa lentes, protector solar, pingos olhos e … perfume! Tudo em miniatura). Levo também nessa mala volumosa uma grande vontade de me divertir e de passar bons momentos com os meus amigos dos desenhos!

Levas contigo frequentemente uma mala volumosa com materiais. Podemos ser curiosos e perguntar-te que materiais levas contigo? Ao fim de todos estes anos, ou se simplifica ou se complica e eu compliquei! Quer dizer, também tenho alguns kits minimalistas, mas não me agradam tanto. Confesso que sou uma fã incondicional da Mary Poppins e da sua mala. Aqui vai o que escondo na minha mala: dois cadernos (pelo menos); molas; lápis de cor; aguarelas; papel absorvente; copo pequeno; frasco com água; pincéis;

Já deste várias formações, és professora, tens viajado muito para desenhar. No meio de tanta atividade já existiu, decerto, alguma situação mais imprevisível, a que tiveste de dar a volta. Patilhas connosco? Desde ir sendo assaltada por uma máfia 6


No meio deste percurso e destas atividades também editaste um livro de receitas. Como surgiu esse projeto? Sempre desenhei comida e sempre ouvi: “ Pero, y tu qué rara eres, porque dibujas la comida?” Habituei-me a frases como esta quando ainda não estava na moda desenhar comida e fui dizendo que um dia havia de fazer um livro de receitas. É uma produção de autor, um livro bilingue (português e castelhano) com as minhas receitas e ilustrado com desenhos dos meus cadernos.

do leste a fazer-se passar por policias com crachá e tudo nos arredores de Madrid, até andar de táxi em Marrocos e o taxista parar e sair do carro no meio de um descampado para ir comprar uns pneus a outro que estava a tratar da horta, são inúmeras as histórias. Mas a melhor peripécia que me aconteceu dura o tempo de um café numa estação de serviço. Saí eu de casa às 5 da manhã rumo a Huesca para o 5º curso devueltaconelcuaderno em 2013 quando no último café em Portugal, na ultima estação de serviço (um clássico) encontro o Vicente Sardinha que ia apanhar o comboio (vários!) a Badajoz. Claro que veio connosco mas foi uma coincidência que durou o tempo de um café e uma companhia para juntar à nossa tripulação a atravessar Espanha.

Que evento/encontro foi mais gratificante para ti em que medida? ‘de vuelta com el cuaderno’, Jaca Espanha 2009. O primeiro, aquele que foi o culpado de tudo isto foi sem dúvida o mais gratificante pois trouxe todos os outros que se seguiram. Todos os encontros são gratificantes, não tenho assim nenhum em especial. Todos, todos, todos são gratificantes. Já viajaste por vários países a desenhar. Há alguma cidade, povo que te tenha ficado mais na alma? Sevilla sempre pela luz mas principalmente pelos amigos. Santiago de Compostela pela magia. Marrocos pelas suas cores Há algo que gostarias de acrescentar nesta entrevista? Desenhar ajuda-me a desconectar, a relaxar e a sentir-me bem comigo mesma. Há dias em que desenho sem parar e outros nem tanto, mas é sempre um divertimento nunca uma obrigação. Costumo dizer que quando desenho o tempo mede-se pelas linhas do desenho, mais cadenciado do que pelos ponteiros do relógio. 7


OS NOSSOS DESENHOS tema do mês: NATAL

Mariana Santos Sofia Palma

André Duarte Baptista

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Suzana Nobre

Fernanda Fernandes Lurdes Morais Graรงa Patrรฃo

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OS NOSSOS DESENHOS tema do mês: NATAL

Pedro Alves

Rosário Félix

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Sara Gamito

Hélio Boto

Teresa Ruivo

Henrique Vogado

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LIVRO EN2

Por

Teresa Ruivo

“Lisboa, no Cais da Memória”, de Eduardo Gageiro, foi o livro que despertou em mim - já passada a redonda meta dos cinquenta anos de vida – uma enorme vontade de desenhar. Daí até me cruzar com os livros do Eduardo Salavisa foi um pulo. De imediato fiquei arrebatada pela sua espontaneidade, apaixonada pelo seu desenho vibrante e despretensioso, tão simples e tão autêntico. Agora, à distância, percebo que o denominador comum aos dois Eduardos (o Gageiro e o Salavisa), é que ambos se debruçam sobre a vida revelada nos mais simples gestos do quotidiano, através dos quais, cada um à sua maneira, procura captar a invisível essência das coisas e dos lugares. Foi, assim, embalada por esta procura que fui parar ao mundo dos urban sketchers. Nesta nova vida dos cadernos, quis o destino que um dia o Henrique Vogado resolvesse levar para o leilão da Assembleia dos Urban Sketchers Portugal um outro livro – o EN 2, daquele que fecha para mim este trio sagrado de autores que conseguem ver beleza no que a vida tem de mais banal: João Catarino.

Este livro – de cujo leilão ainda hoje guardo religiosamente a prova - é uma espécie de diário gráfico de uma viagem que o João Catarino fez com o seu cão, de Chaves até Faro, através da Estrada Nacional número dois. É um livro que respira liberdade, prazer de viajar e, acima de tudo, prazer de desenhar. 12


É um livro que resulta de algo com que, transversalmente, todos sonhamos – a possibilidade mágica de viajar para desenhar. E isso dá-nos alento! Mas o João Catarino vai mais longe. Mostra-nos que, onde quer que estejamos - no fim da rua ou no fim do mundo - basta ter um caderno na mão para sentirmos o sabor da viagem, da aventura, da descoberta. Para isso, basta ter a possibilidade de emprestar um tempo ao desenho e, nesse tempo sem cronómetro, submergir a fundo naquilo que se vê, deixar-se encantar pelos caminhos sinuosos das formas, que serpenteiam

introspectivo, projectivo e íntimo. Pediram-me para falar de um livro que me tenha influenciado. Pois bem. Foi este. Porque, se às vezes gosto de desenhar freneticamente, a cem à hora, aprendi que noutras vezes é preciso cultivar o vagar que permite olhar com olhos de ver e saborear serenamente a forma como o desenho vai crescendo. Acho que ninguém (eu muito menos!), tem a capacidade de ver como o João vê. Ele insiste que é fácil e basta “semicerrar os olhos”. Eu, sinceramente, semicerro e não vejo nada! Mas gosto de cultivar esta nova forma de olhar que é, como quem diz, de estar e de me relacionar com o que vejo e com os meus cadernos. Sem complexo. E se isto é Catarinar, Catarinemos todos, pois!

como uma estrada noutras formas, noutras sombras, noutros ritmos. Um marco quilométrico, um banco, um domingo de família numa praia fluvial. São assim os desenhos deste livro: lentos, atentos, sem atalhos, talvez como a estrada em que foram feitos. São pinceladas em forma de poesia. Inconfundíveis. Inimitáveis. Nostálgicos, como o mapa que lhe serve de guarda. E pautados de pequenas notas pessoais em letra maravilhosa, que nos lembram a importância do caderno enquanto diário no que isso tem de pessoal, reservado, 13


VIAGEM GRÁFICA Finlândia e Turquia

Por

Manuela Rolão

Entre 2017 e 2019, tive a sorte de integrar uma equipa de professores da minha escola no âmbito de um Projeto Erasmus +, projeto europeu de intercâmbio escolar sob o tema da Comunicação Não Violenta. As técnicas da CNV têm como objetivo

mediar e resolver conflitos entre os alunos em ambiente escolar, baseandose na expressão dos sentimentos, na prática da empatia (colocar-se no lugar do outro) e do não julgamento. Estes projetos europeus incluem a deslocação às escolas participantes. O programa de desenho 1

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desenho 2

cada uma das visitas incluía formação em NVC para alunos e professores, atividades nas escolas e culturais. Vou contar-vos em particular sobre as experiências na Finlândia e na Turquia. O diário gráfico acompanhou-me, é claro, e procurei fazer registos destes momentos, o que nem sempre é fácil, como todos sabem, quando viajamos com pessoas que não desenham… Ofereci cadernos e lápis aos alunos e às minhas colegas, assim que levantámos voo para Helsínquia, tentando contrariar o habitual “não sei desenhar” e procurando companhia para os desenhos… (Quando os alunos e professores estrangeiros nos visitaram, os meus jovens estudantes construíram diários gráficos para todos e em cada visita houve sempre um tempo para o desenho. Todos gostaram, incluindo os adultos, que se revelaram muito interessados e aplicados!) (desenho 1). Em Oulu, no Norte da Finlândia, fomos recebidos com um espetáculo de magia

em que a assistência era toda lourinha, exceto os nossos alunos portugueses, italianos e turcos… (desenho 2) Visitámos a escola e a sua dinâmica muito interessante, diferente da nossa, por exemplo: não há toques e cada professor programa a manhã com os seus alunos diariamente em termos de matérias, tarefas e intervalos, para não estarem todos ao mesmo tempo nos espaços exteriores (1º ciclo). Há pequenos grupos a estudar e trabalhar em átrios (desenho 3).

desenho 3 15


VIAGEM GRÁFICA Finlândia e Turquia

Manuela Rolão nas várias línguas. Foi um entusiasmo para adultos e crianças! (desenho 6). Em outubro, foi a vez da Turquia. Muitos receios de viajar até Gazientep, perto da fronteira com a Síria, para onde, nessa semana, o presidente enviou mais tropas… A confiança nos professores organizadores não nos deixou olhar para trás… E tudo valeu a pena. Destaco uma visita ao lago Halfeti, com um passeio de barco. Com a construção de uma barragem, a antiga cidade de Halfeti ficou quase toda submersa. Nesse momento, desenhei com tempo (desenho 7)… A gastronomia foi sempre um ponto alto! Mas sempre muito picante. Na escola, a comida também já tinha condimentos acentuados. Os mais pequenos habituam-se logo a estes sabores! Para nós, nem sempre foi fácil. Mas é sempre com respeito que devemos conhecer o outro. Foi uma das máximas deste projeto (desenho 8) !

desenho 4

Ficámos instalados num parque de campismo cujos bungalows tinham enormes janelas. Em abril, a neve permanecia e tornava a paisagem suave e muita bela (desenho 4). As atividades de formação para alunos e professores foram fantásticas. Todos preparámos tarefas e este trabalho de grupo foi mesmo inesquecível (desenho 5). No último dia, fomos aos limites do círculo polar ártico, à terra do Pai Natal e visitámos um parque temático, com direito a conhecer pessoalmente a carinhosa figura, que nos cumprimentou desenho 5

desenho 6 16


desenho 7

desenho 8

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REFLEXÃO

Por

2020 um ano ladrão

André Duarte Baptista

Há um ano atrás estávamos todos a fazer a nossa lista de projetos e desejos para o findado ano de 2020. Pensávamos nós que não faltariam motivos para desenhar - o desenho das férias, das viagens, das reuniões de trabalho entediantes, das viagens de autocarro, metro ou avião, o desenho numa esplanada, o desenho à varanda da nossa casa ou o desenho nos encontros organizados pelos vários grupos neste país (e mundo) fora. Também queríamos desenhar nas oficinas de desenho, aprender novas técnicas, novas formas de olhar e desenhar o mundo num desenho de cada vez. Perdemos ainda os Encontros Internacionais, tanto em Portugal como além fronteiras, bem como as exposições, o lançamento de livros ou as comunicações. Queríamos desenhar as cidades e as suas gentes, os concertos, as peças de teatro, as aulas de dança, o homem das castanhas, ou uma simples esplanada repleta de pessoas vindas de todo o mundo. Queríamos desenhar as praias repletas de veraneantes, ou as caminhadas pelos passadiços rodeados pela natureza. Queríamos sobretudo viver e

conviver, tendo o desenho como meio de comunicação, e explorar o mundo que nos rodeia, perpetuando momentos nos nossos cadernos. Não obstante o gosto pelo desenho solitário, a maior parte dos nossos planos passava pelos momentos coletivos. Tem sido assim todos os anos, porque não haveria de ser em 2020? Mas não foi, pois surgiu uma pandemia que estragou todos os nossos planos. Apesar dos constrangimentos impostos pelas normas de segurança, alguns grupos mantiveram alguns dos seus projetos, continuando a desenhar “por eles e por nós” (felizmente). Porém, a maioria dos grupos cancelou todas as suas atividades. No meio deste “deserto” foram surgindo alguns oásis que nos mataram a sede de desenho. Dos pequenos oásis que foram surgindo, destacaríamos o (a)Riscar o Património, integrado nas Jornadas Europeias do Património, uma organização conjunta da Direcção-Geral do Património Cultural e Associação Urban Sketchers Portugal. Apesar das condicionantes, conseguiu manter a sua matriz identitária e foi um verdadeiro sucesso (para não variar), juntando vários sketchers do norte e sul de Portugal e 18


ilhas. Outro oásis, foi a Lisboa Capital Verde Europeia 2020, iniciativa à qual a Associação USK Portugal se juntou para desenhar as “4 Estações do ano nos jardins de Lisboa”. Para além dos vários encontros, demonstrações e oficinas, esta iniciativa contou ainda com uma exposição e a publicação de um livro (em conclusão). O ano que findou ficará para a história, e não pelos melhores motivos. A pandemia afetou a humanidade em geral e a comunidade urban sketcher em particular. O bicho, que apelidaram de COVD 19, roubou-nos a liberdade e parte das nossas vidas. Nunca foi tão

coletivos, ainda que no meio de uma pandemia, e de uma luta contra o cancro. Ele ensinou-nos que o desenho é sobretudo uma forma de estar na vida, com sobriedade, perseverança, curiosidade e muita partilha, onde o coletivo e o todo é mais importante que a soma das partes. Para além da sua vasta obra, deixa-nos sobretudo o exemplo de vida, uma vida repleta de viagens, desenhos, livros, exposições, conferencias, residências artísticas, entre outros trabalhos relacionados com o “desenho do quotidiano”. Ao longo do ano fomo-nos habituando a adiar encontros, a cancelar oficinas ou exposições e a desenharmos sozinhos. Descobrimos que temos uma capacidade de resiliência enorme, até que fomos confrontados com o falecimento do eterno “Desenhador do Quotidiano”, a alma dos Urban Sketchers Portugal. Quando perdemos alguém insubstituível, como o Eduardo, só nos resta honrar o seu legado, perpetuando a sua vida e obra, para que as gerações vindouras saibam quem foi (e será) Eduardo Salavisa, o “construtor de amizades”. Que o Eduardo seja uma inspiração para todos e que em 2021 possamos estar, novamente, “todos juntos” para celebrar o legado que ele nos deixou.

importante contarmos com exemplos de resiliência, luta e esperança como nos deu o “nosso Eduardo”, que se despediu de nós com uma generosidade incrível, de braços abertos com uma publicação de um livro e uma exposição itinerante, entre tantos outros projetos pessoais e 19


EXPOSIÇÃO 9 Jardins de Lisboa

Por

Henrique Vogado

De uma ideia que surgiu em Janeiro de 2019, após uma reunião entre o Vereador Sá Fernandes e o Eduardo Salavisa, para uma parceria no evento “Lisboa Capital Verde Europeia 2020” a proposta foi evoluindo em diversas reuniões e ideias – percursos

desenhados, encontros no começo de cada Estação, oficinas, exposição e talvez um livro no final. O Eduardo apresentou uma proposta chamada “Quatro percursos, Quatro Estações do Ano” e que mais tarde ficou “4 estações do Ano nos jardins de 20


Durante a montagem: Isa Silva, Leonor Lourenço, Manuel Tavares e Tomás Reis. Agradecemos, também, a ajuda do Pedro Cabral e da Rosário Félix. Lisboa”. Tivémos luz verde da Câmara de Lisboa e no início de Setembro de 2019, fui com o Eduardo a uma reunião para ultimar o caderno de encargos e avançar com o primeiro encontro em Novembro sob orientação do João Catarino. O projecto iria decorrer até Outubro de 2020 com uma exposição

posterior na Estufa fria, resultado de todos os Encontros e Oficinas. Os Encontros seriam filmados e os desenhos seriam impressos num livro. Com o início da Pandemia em Março, o projecto sofreu alterações e esteve parado. Voltou a arrancar em Julho de 2020, sendo reformulado para “9 jardins

Durante a inauguração com a presença de José Sá Fernandes vereador do Ambiente, Clima e Energia e Estrutura Verde da CâmaraMunicipal de Lisboa em que nos ofereceu um troféu feito na fábrica Bordalo Pinheiro. 21


EXPOSIÇÃO 9 Jardins de Lisboa

Henrique Vogado 2019 Encontro de Outono. João Catarino. Estufa Fria 2020 Encontro de Inverno. Sara Simões. Parque da Vinha de Lisboa Oficina. Pedro Cabral. Corredor Verde de Monsanto Oficina. Catarina França. Alto da Ajuda Encontro da Primavera. Manuela Rolão. Vale de Alcântara Oficina. Pedro Salvador Mendes. Parque do Vale de Chelas Oficina. Guida Casella. Jardim Botânico da Politécnica Encontro de Verão. Paulo J. Mendes. Parque da Bela Vista/Vale da Montanha Oficina. Dilar Pereira. Parque Bem Saúde Oficina. José Louro. Parque Eduardo VII/Estufa Fria

de Lisboa”, com novas datas e limite de presenças. Finalizados os Encontros e Oficinas, e já com a nova direcção da Associação, houve que preparar a exposição com todos os trabalhos. As condições de preparação e montagem foram um desafio dadas as restrições de uso de máscara e limite de pessoas. A inauguração da exposição foi no dia 15 de Dezembro de 2020, com homenagem ao Eduardo Salavisa, mentor da ideia e da proposta e que agora podemos ver o resultado final. Em 2 salas e um hall, estão montados 27 painéis com as impressões dos desenhos de todos os formadores e sketchers que foram aos 10 encontros e oficinas:

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Os videos dos Encontros estão disponíveis num monitor, assim como dezenas de cadernos expostos em segurança, para observarmos atentamente todos os detalhes.

Sucesso está a ser o espaço defronte a uma enorme janela, um banco largo convida a desenhar o lago e exterior da Estufa Fria. Venham ver a exposição e soltem o traço.

A exposição estará patente entre 16 de Dezembro de 2020 e 21 de Março de 2021 na Estufa Fria, Lisboa.

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D Por

ABCDIÁRIO

João Tiago Fernandes

“Nunca sopres para a afiadeira que enferruja.” ​– ensinava-me o meu tio Paulo com quem muitas vezes fui ao Porto de comboio em criança. Chegados a São Bento seguíamos pela Sá da Bandeira e logo virávamos na primeira à esquerda: uma travessa pedonal cheia de vida. No início, a senhora das castanhas, pouco depois, um vendedor de taludas e, à entrada do prédio para onde nos dirigíamos, passando o quiosque estabeleciam-se uns três ou quadro engraxadores à espera de

fregueses. Ao centro das escadas de madeira um elevador com porta de correr que chocalhava com um “clonk” quando alguém entrava. Ele enchia o peito para não mostrar o seu receio do elevador e fazia antes uma corrida comigo escada acima até ao 3.º andar. Pelo caminho, um sinal na parede com letras bem redondas: PROIBIDO CUSPIR PARA O CHÃO. Mais um lance e eis que chegávamos a um planalto encantado, repleto de todas as cores do mundo com armários de portadas tão altas que os seus vidros tinham estrias: era uma papelaria à moda antiga. Letra D — ​D​iários Gráficos

E depois ainda há que decidir a orientação do desenho... (Jardim D. Luís, Lisboa) 24

Ainda me sinto um miudito sempre que entro numa papelaria e, tal como nessa altura, mal consigo resistir à tentação de trazer comigo um saco cheio à saída. Mas de certeza que não sou o único, pois não? Quantos de nós nunca compraram um caderno novo com dois ou três por completar lá em casa? Ouvi uma vez alguém comentar que isso mais não era do que aproximarmos a nossa prática


do método científico: Observação > Hipótese > Experimentação > Análise > Conclusão. Observação – Para lá do que nos diz o manifesto USk, os momentos de observação acontecem a todo e qualquer instante, começando antes sequer de pensarmos no enquadramento de um desenho: está sol ou sombra de onde vou desenhar? há lugar para me sentar ou vou ter de ficar de pé? tenho boa visibilidade ou há pessoas constantemente a passar à frente? Hipótese – Aqui entra definitivamente a nossa gula quando entramos numa papelaria porque nunca sabemos o que o futuro nos reserva. Mas as hipóteses que colocamos recaem invariavelmente em duas questões principais: (1) será que este material me vai ajudar a atingir melhores resultados do que já costumo atingir e/ou (2) será que é desta que vou conseguir sair da minha zona de conforto e experimentar algo totalmente diferente? No fundo, a diferença entre: será que esta caneta aguenta bem uma aguada e/ou será que é desta que uso a borracha líquida que comprei daquela vez e nunca mais usei? No fundo é, ao mesmo tempo, o conforto do material já dominado e o incerto do material que nunca utilizámos que alimentam a nossa faceta de colecionador de material artístico. Experimentação – Sempre que ataco a folha branca arranco com uma regra, seja ela qual for. Pode ser simplesmente a ordem pela qual utilizo o material: será que (1) desenhar primeiro a lápis, pintar a aguarela e depois traçar a caneta preta vai ter um resultado assim tão

diferente de (2) desenhar diretamente a caneta preta e depois pintar a aguarela? Pode ter a ver com a escolha da paleta: será que (1) vou utilizar todas as cores à minha disposição ou (2) escolher só tons pastel? Pode ter a ver com o tempo que irei despender no desenho: um desenho de 5 minutos é completamente diferente de um de meia hora. Ou pode ter a ver com o tipo de caderno que estou a usar – seja pelo formato, pela encadernação ou pelo tipo de papel. Seja como for, a experiência só termina quando passarmos à próxima página. Análise – A análise não está propriamente dissociada do momento da experimentação. Estou em crer que, tal como na física quântica em que o próprio ato da medição altera o resultado, em desenho o resultado final depende da análise constante em todos os momentos da sua execução: o enquadrar bem o desenho no papel, o conseguir manter as proporções, o manter equilíbrio no registo, o distanciar do desenho e o saber quando parar — são tudo momentos de análise em tempo real que, se não fizessem parte da experiência, resultariam num desenho desprovido de qualquer tipo de toque pessoal. Nem sequer vos vou dizer quantas vezes estraguei um desenho por analisar incorretamente de que precisava só mais dum traço… Ainda assim, a análise também passa pela escolha voluntária de partilhar o trabalho com a comunidade, seja com quem participou presencialmente num evento, seja através das redes sociais. Mas essa análise, a meu ver, não pode dispensar a repetição da experiência nem, muito importante, a partilha de material com o colega do 25


ABCDIÁRIO

João Tiago Fernandes

lado – não será essa mesma partilha que irá suscitar uma nova hipótese noutro momento!? Conclusão – E assim vamos cimentando a nossa prática. As conclusões que tiramos estão diretamente ligadas às nossas expectativas e o assumir do trajeto que traçamos em cada nova página é, muito literalmente, o papel do nosso diário gráfico. Cada um de nós procura características diferentes num diário gráfico: ora se o papel é bom para aguada ou melhor para caneta, ora se dá para desenho gestual ou se cabe no bolso do casaco; se o formato permite desenhar na panorâmica ou se a encadernação permite que as folhas se soltem com facilidade. E cada um lhes dará utilizações diferentes: se nos vão acompanhar numa viagem, se vão servir de agenda ou para anotar ideias, se vão servir para esboços. se podemos dobrar/rasgar folhas, se vamos permitir que outros o risquem, ou sequer que lhe dêem uma vista de olhos... E, como será perfeitamente compreensível, com o tempo lá se vão tornando artefactos sacrossantos... Venho deixar-vos algumas vicissitudes que sobre o assunto me atormentam: Nunca uso a primeira folha. Qual identificar o caderno em caso de extravio? Nada disso! E desenhar muito menos — comigo, fica sempre em branco. Superstição? Não. É mesmo só o medo da folha branca. Tenho um caderno de acordeão há anos! Estou só à espera da rua perfeita para me pôr a desenhá-la de uma

ponta a eito — mas o edil lembrase sempre de começar obras nos momentos mais inoportunos… (cof cof) Descobri da pior forma que aquela desculpa de mau pagador do “ó s’tora, o cão comeu-me o TPC” afinal acontece na vida real. Só que no meu caso… Bem, não vou entrar em pormenores — vou só dizer que a tonalidade dos meus desenhos ficou um tanto ou quanto amarelecida… Aconselho vivamente a que arranjem todos um caderno de folhas pretas! Desenhar a luz em vez da sombra dá um nó no cérebro muito aprazível de desatar. Gosto bastante de desenhar a várias mãos nos meus cadernos: retratos a meias, telegramas (drawception), cadavres exquis — pode ser que aos poucos lá vá perdendo o medo da folha branca e, daqui a uns anos, regresse a todos os cadernos, um a um, e finalmente desenhe na primeira folha. Todos temos algo para contar sobre os nossos cadernos e os momentos que passamos com eles. A nossa relação com o diário gráfico tem uma história e bastaria folheá-los para nos transportarmos para outros momentos, outros locais, tal qual contadores de contos, para conhecermos o que cada sketchbook encerra. Claro está, a história dos diários gráficos não pode ser dissociada do Eduardo Salavisa. Muitos riscos, Eduardo! (in memoriam Eduardo Salavisa) 26


DICAS 1, 2, 3

Por

Paulo Mendes

Os automóveis, esses grandes chatos que se intrometem nos nossos desenhos! Quase não há rua, monumento ou paisagem sem que haja uns quantos a meter-se à frente ou a obstruir as vistas. Ainda por cima têm formas caprichosas, ângulos estranhos e, como se não bastasse, a sua superfície brilhante reflecte tudo o que está à sua volta. Sendo este último aspecto um dos que mais tememos na hora de passar para o papel, aqui tento explicar em três simples passos a minha abordagem. Pintar os reflexos na superfície de um carro

#1 - Começo por pintar os vidros num tom esverdeado. Depois, utilizando o mesmo azul que emprego para o céu, pinto os sítios em que este se reflecte na superfície do automóvel, se for o caso. Caneta esferográfica “Uniball Eye” para as linhas, aguarelas para as cores

#2 - Pinto a superfície do automóvel no tom mais claro da sua cor. Aqui, tratando-se de um carro cinza, um tom cinza muito claro. Se fosse azul, vermelho, preto, etc, faria o mesmo na respectiva cor. Aguarelas para as cores

#3 - Trabalhando do mais claro para o mais escuro, vou acrescentando os restantes reflexos. Acrescento também, num esverdeado mais escuro, as formas do interior do habitáculo e outros reflexos no vidro. Termino com os restantes detalhes e uma sombra forte na base para “ancorar” o carro ao pavimento. Aguarelas para as cores

Experimentem e partilhem no blog com a etiqueta #dicajaneiro

Técnicas, truques, efeitos. Querem partilhar? Enviem para uskp.actividades@gmail.com Mandem-nos uma introdução (máximo 450 caracteres) + título da dica + 3 imagens dos desenhos e indicação dos materiais usados. 27


GRUPOS USk Torres Novas

Por

Carlos Fidalgo

realizámos o 1.º Encontro USk Torres Novas, onde compareceram apenas 4 pessoas. Entretanto os encontros foram acontecendo, sempre superior ao do primeiro encontro. Este facto, veio confirmar que estávamos certos. Salientamos, o encontro ou reencontro de pessoas que, em comum, têm o gosto pelo desenho, a presença de urban scketchers de outros concelhos, e a participação dos mais pequenos…o futuro em construção!

Miguel Pimentel

Ainda com pouco mais de 1 ano de existência, o nosso grupo surgiu da carolice! – então, se o urban sketching está cada vez com mais entusiastas e participantes, não será que aqui por terras torrejanas, não haverá pessoal para formarmos um grupo!?... Assim, em julho de 2019 foi formalizada a criação dos USk Torres Novas, junto da Direção dos USkP. Começou-se por apresentar localmente a atividade às entidades locais e comunicação social. No dia 28 de setembro, aproveitando a iniciativa (a)Riscar o Património,

Leonor Fidalgo

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Cristina Nascimento

Entraves à parte (entenda-se a situação pandémica), os USk Torres Novas estão já a preparar uma série de atividades, que esperamos poder levá-las a bom porto. Entre elas, a par com os encontros periódicos, destacamos: a iniciativa «USk Solidários | Desenhar para Ajudar»; 1.º Encontro Nacional USk Torres Novas (a incluir no programa da Feira Nacional dos Frutos Secos); e exposições. Embora sejamos um dos grupos regionais mais novos, estamos conscientes que ainda temos um longo caminho a percorrer, enquanto coletivo mas, como disse o poeta andaluz Antonio Machado, «o caminho faz-se caminhando». Tem sido muito gratificante

verificar que, quando chega a altura de fazermos os encontros, verificamos que há um esforço de todos para poderem estar presentes e não faltar. A todos os que têm participado, o nosso agradecimento. Aproveitamos esta oportunidade para desejar a todos, um Bom Ano 2021!

Facebook.com/USkTorresNovas usk.torresnovas@gmail.com 29


AGENDA janeiro 2021

ENCONTROS

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ENCONTROS

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9 JANEIRO | ILHA TERCEIRA, AÇORES | DESENHAR BERGATIM REAL 14h (a confirmar) - Angra do Heroísmo Org. USK Açores, Ilha Terceira 16 JANEIRO | LISBOA | VAMOS DESENHAR COM... Jorge Vila Nova Das 10h30 às 13h - Museu Bordalo Pinheiro Org. USKPortugal | Museu Bordalo Pinheiro 24 JANEIRO | ILHA TERCEIRA, AÇORES DESENHAR Santuário da Conceição 14h (a confirmar) - Angra do Heroísmo Org. USK Açores, Ilha Terceira 20 FEVEREIRO LISBOA | VAMOS DESENHAR COM... Leonor Janeiro Das10h30 às 13h - Museu Bordalo Pinheiro Org. USKPortugal | Museu Bordalo Pinheiro

FORMAÇÃO

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ALFABETO LISBOETA DESALINHADO - Mário Linhares, José Louro, Ketta Linhares 14 de outubro a 30 de junho - Quartas feiras, 14h30 - 17h00 ou 18h00 - 20h30 LISBOA ANTI-POSTAL - Mário Linhares 14 de outubro a 30 de junho Quartas feiras, 14h30 - 17h00 ou 18h00 - 20h30 Info: https://hakunamatatayeto.blogspot.com/2020/09/lisboa-anti-postal.html DIÁRIO GRÁFICO EM CASA - Mário Linhares 7 de novembro a 17 de abril (curso online) - Sábados, 18h00 - 20h30 Org. Nextart DIÁRIO GRÁFICO | INICIAÇÃO - Mário Linhares 17 de novembro a 15 de junho - 3.ª feiras, 15h00 - 17h30 Org. Nextart

Comuniquem-nos actividades relacionadas com sketching para o e-mail uskp.actividades@gmail.com 31


AGENDA janeiro 2021

EXPOSIÇÕES

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EXPOSIÇÃO | 9 JARDINS DE LISBOA - Cadernos e desenhos - USkP Até 21 Março 2021 Todos os dias, 9h-16h30 (encerramento às 13h em caso de estado de emergência) Estufa Fria de Lisboa Org. Câmara Municipal de Lisboa/Lisboa Cidade Verde 2020 | Estufa Fria de Lisboa | UrbanSketchersPortugal DESENHO EM CADERNOS E FOTOGRAFIA - Grupo do Risco Museu Nacional de História Natural e da Ciência Até 14 de Março de 2021 Org. GdoR/LxVerde

OFICINAS SINGULARES

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À CONVERSA COM GABI CAMPANARIO- Sessão #7 Facebook USK Açores - 9 de Janeiro, 17h Açores / 18h Continente Org. USK Açores

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